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Tribunal do Júri: um sonho incompleto

Todos que me conhecem sabem meu amor pelo Tribunal do Júri.

Me lembro que, quando era criança, acompanhei de perto todos os detalhes do julgamento pela morte da Daniela Perez. Ainda me recordo da imagem do advogado de defesa utilizando uma boneca e simulando as facadas da vítima.

Nossa, me lembro que depois das reportagens, corria para meu quarto, juntava minhas bonecas que eram os jurados e eu ficava lá, horas e horas discursando “brilhantemente” sobre a inocência do meu cliente.

Para muitos, “defender um assassino” é uma heresia. Para mim, sempre foi uma dádiva, e, como se diz por aí... Tem louco pra tudo mesmo, né?

A menina cresceu, estudou direito e, como manda a tradição, participou do Tribunal do Júri simulado.

Meu olho brilhava só de pensar em como eu era abençoada, afinal, quantas pessoas poderiam chegar perto de realizar um sonho de infância? Batalhei e consegui atuar como advogada de defesa no Júri Simulado, mas, quando recebi a cópia do processo me deu vontade de chorar.

Estava preparado para defender o Maníaco do Parque, um estuprador que matava as vítimas e esquartejava, uma briga de bar que terminou em tiroteio... Qualquer coisa menos para aquilo: um infanticídio (mãe que mata o próprio filho logo após o parto em estado puerperal).

Impossível não pensar que aquela vítima poderia ter sido eu. Minha mãe teve depressão, não cuidou de mim quando nasci... Mal podia me ver. Quem cuidou de mim foi minha irmã que, na época, tinha 11 anos.
Doeu meu coração ao ver a foto da criança morta que foi jogada na latrina. Poderia ter sido eu, mas não era. Falar sobre a depressão da minha mãe sempre foi tabu aqui em casa. Eu, particularmente, não me lembro de nada e, para mim, não faz a menor diferença. Mas para a minha mãe fazia, e, se sentia culpada por não ter cuidado de mim nos primeiros meses de vida e tentava compensar o tempo perdido com superproteção.

O que me ajudou a defender a ré no Júri simulado foi o fato de eu ter chegado a conclusão de que eu perdoaria minha mãe se ela tivesse me matado por causa da doença dela.

Na época, minha mãe queria ir assistir ao Júri, e eu, veementemente, neguei. A presença dela me deixaria mais nervosa. E eu fui lá e fiz meu papel e me senti realizada.

Minha mãe disse que, toda vez que eu fizesse um Júri, ao final, ela sempre me presentearia com um buquê de rosas. E eu sempre ria, achando essa idéia muito cafona.

Infelizmente, quatro meses depois minha mãe faleceu. Ela não viu eu me formar, receber a carteira da OAB, nem pôde comparecer às Sessões do Tribunal do Júri na qual atuei.

E eu? Eu nunca disse para minha mãe que a perdoava pelo fato de não ter me amamentado, não ter cuidado de mim. Nunca disse que entendia a doença dela, e que ela não pode se responsabilizar para o resto da vida por causa disso.

E, ainda espero, ao final de cada Sessão, aquele buquê de flor cafona que sei que nunca receberei.

Perdão

Oh, Senhor, se Tu existes, me perdoe.

Perdoe-me por ter criticado

Perdoe-me por ter me tornado aquilo que tanto critiquei

Perdoe-me por querer solucionar mistérios da humanidade

Perdoe-me por ter solucionado alguns deles

Perdoe-me ter amado a quem não merecia

Perdoe-me por não merecer a quem tenha me amado

Perdoe-me por todas as a vezes em que matei pessoas mentalmente

Perdoe-me por todas as vezes que machuquei pessoas emocionalmente

Perdoe-me por todas a vezes em que morri aos poucos


Oh, Senhor, se Tu existes, me perdoe

Perdoe-me quando fui orgulhosa ao mostrar minha humildade

Perdoe-me quando fui cruel ao demonstrar minha bondade

Perdoe-me quando fui irônica ao rir de alegria

Perdoe-me por ter fingido

Perdoe-me por ter sido sincera demais

Perdoe-me por ter mentido

Perdoe-me por ter falado a verdade


Oh, Senhor, se Tu existes, me perdoe

Perdoe-me por achar que era livre

Perdoe-me por achar que todos os amigos são bons

Perdoe-me por achar que no amor existe

Perdoe-me por cada sonho que não sonho mais

E, claro, me perdoe por cada lata de leite condensado devorada.


Mas senhor, me perdoe logo, preciso dormir descansada

Amanhã é outro dia e tenho pressa

Mas não se engane, Senhor, não me arrependo dos meus erros

Me arrependo só dessa culpa que sinto por tê-los cometidos

Então, Senhor, perdoe-me logo

Pois sou humana, quero dormir e errar em paz...


Caso desciclopédia e os colunistas sociais


Esses dias, fiquei sabendo que os colunistas sociais de Criciúma entraram em contato com a delegacia especializada em crimes de internet para colocar “fora do ar” a desciclopédia na parte em que tais colunistas foram citados.

Além disso, os mesmos querem punir criminalmente o autor de tais críticas. Estariam na mira, ainda, o @SEUPUTZ e a minha pessoa (suspeita de criar o fake @zuzu_hellmanns).

Não irei me manifestar em relação ao fake porque detesto advogar em causa própria. Mas é impossível não sair em defesa do @SEUPUTZ e dos responsáveis pelas “tiradas” na desciclopédia.

Defende-los, significa, acima de tudo, defender o direito de liberdade e a democracia.

Aliás, o Brasil é um bebê quando se fala em democracia. Queiramos ou não, nem faz três décadas que o Brasil é um país democrático e, vinte e poucos anos é muito pouco para a história de um país.

Só há uma forma de aprender a concretizar a democracia: na prática, errando e aprendendo. Infelizmente, democracia é muito mais que um conceito: é uma construção histórica.

O brasileiro aprendeu que um político que é bonito, fala bem e anda de jet ski não é, necessariamente, um bom presidente. Mas para isso, teve que errar. Poderia dar milhares de exemplos nesse sentido, mas daí estaria perdendo o foco.

No direito, cada operador jurídico está aprendendo, a cada dia, lidar com essa tal democracia.

A nossa Constituição Federal, apesar de ter sido promulgada em 1988 e por mais que não haja alterações literais no texto da norma, vem mudando diariamente para acompanhar as mudanças sociais brasileiras.

O texto da norma pode até não mudar, mas a sua interpretação é dinâmica.

O princípio da igualdade, por exemplo, na época da Revolução Francesa, era interpretada apenas em seu aspecto formal (onde todos são iguais perante e lei), porém, hoje, devido à sua própria construção histórica, esse conceito cresceu e é plenamente razoável interpretar em seu aspecto material (em que cada um é igual perante à sociedade).

O princípio da igualdade, sempre se chamou assim, mas o modo de aplica-lo no cotidiano do povo mudou, pois seu conteúdo mudou, pois a sociedade mudou.

Aliás, “nunca antes na história desse país” a sociedade brasileira mudou com tanta velocidade.

Dentre os motivos dessa rapidez, temos os meios de comunicação em geral (jornal, revista, email, orkut, msn, twitter, blogs, internet em geral, etc...).

E não se pode negar o fato que uma pessoa que se torna pública abre mão, voluntariamente, de parte da sua privacidade, e, ao fazer isso, as críticas boas ou más virão por todos os meios de comunicação existentes atualmente.

Logo, os colunistas sociais de Criciúma, enquanto pessoas públicas, sabem muito bem que têm a sua privacidade mitigada. Um colunista social é um colunista social porque quer, e abre mão da sua privacidade, de forma voluntária, para ter seu nome reconhecido no círculo social a qual pertence.

Alguém pode achar que um colunista social é uma pessoa fútil, sem estudo, que arranja dinheiro sei lá de onde, etc... É chato? Sim, mas toda profissão tem a sua crítica.

Eu, por exemplo, sou advogada. Preciso citar quantas piadas de advogados existem? Preciso dizer que é senso comum achar que os advogados são mentirosos e distorcedores da verdade? É chato?É.

E o médico? Quem nunca chamou um medico que atende pelo SUS de incompetente, de carniceiro etc...?

E o arquiteto, coitado, que tem fama de ser homossexual porque não é macho o bastante para fazer engenharia?

E o enfermeiro que é só é enfermeiro porque não tinha dinheiro para fazer medicina?

Qual a diferença entre o colunista social e as outras profissões citadas? O colunista social é famoso na localidade onde trabalha, pois a fama faz parte da sua profissão.

Diante das peculiaridades do caso, não posso entender que haja crime no que foi citado na desciclopédia no campo dos colunistas sociais.

Primeiramente, porque o direito de liberdade e livre manifestação do pensamento são direitos constitucionais que não podem ser ignorados já que são vetores da expressão de um Estado Democrático de Direito.

Ninguém pode negar que as citações da Desciclopédia são o exercício do direito constitucional da liberdade.

Claro que a honra e a imagem dos colunistas sociais, também, há proteção constitucional, mas, não se pode negar que há uma relativização desses direitos a partir do momento que o próprio detentor abre mão em razão da fama.

Todos sabem que a desciclopédia é uma forma de humor e que não tem o intuito real de ofender ninguém. E, hoje em dia, esse tipo de humor está sendo cada vez mais aceito pela sociedade, como por exemplo, os programas de TV do Pânico ou CQC.

Realmente creio que os colunistas sociais não gostaram do que leram. Creio que o Ronaldo, também, não gostou dos comentários maldosos feitos no episódio em que ele foi flagrados com alguns travecos, e, nem por isso saiu por aí processando todo mundo.

Para um crime ser, realmente, crime, não basta estar escrito no Código Penal. Tem que haver interesse social na reprovação da conduta coibida.

Por exemplo, durante muito tempo, o adultério era crime devidamente tipificado no Código Penal, porém, ninguém era processado pois já não havia mais interesse social na punição dessa conduta. Caiu em desuso.

Sem interesse social na punição da conduta, não há crime.

Não estou dizendo que os crimes contra a honra estão caindo em desuso. Estou dizendo que não há interesse social em punir alguém que realizou críticas (apesar de pesadas, porém bem humoradas) à um grupo de pessoas que abriram mão, voluntariamente, da sua privacidade para conseguirem fama, mesmo que essa fama seja apenas local.

Obviamente que tudo tem limite. Li há um tempo atrás (não lembro onde) que uma colunista social, q atualmente era evangélica, estava processando uma revista por divulgarem fotos sua pelada sem autorização. Nesse caso, obviamente, houve um exagero no exercício do direito de liberdade de expressão em que o processo se justifica.

Porém, me parece que as críticas realizadas aos colunistas sociais de Criciúma na desciclopédia são, atualmente, aceitas pela sociedade que vem aprendendo a gostar de certas doses de humor negro, e, utilizam pessoas públicas para tais fins já que essas mesmas pessoas se expõem publicamente de forma voluntária.

Não basta provar o mel da fama. Há de se conformar com o gosto do fel também.

Por último, gostaria de deixar claro que esse post é uma manifestação profissional meramente ilustrativo, educacional e instrutivo, já que exerço a advocacia, sendo essa profissão constitucionalmente reconhecida por ser essencial á administração da Justiça.

Nunca é demais dizer que estou amparada legalmente por Lei Federal nº 8.906/94 que preconiza em seu art. 2º §3º que “No exercício da profissão, o advogado é inviolável por seus atos e manifestações, (...)” e, também, em seu art. 7º, §2º que dispõe; “O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou desacato puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele (...)”. ;)


Volta logo Casa do Rock!


Confesso: estou com saudades da Casa do Rock!!! Não me chicoteiem!!!




Como dois dos meus três leitores não são da região (oi @valdocosta, oi Victor), me sinto compelida a descrever esse lugar.


Casa do Rock é um ambiente noturno na região que, ao contrário do que o nome sugere, toca tudo quanto é tipo de música, menos rock. Uma casa noturna inaugurada antes de eu nascer e freqüentada por toda a ugly people proletária da região, além, é claro, dos “tiozão” casados que comparecem para catar as piriguetes , digo, as menininhas inocentes ao som de música eletrônica, axé, funk, calypso, vanerão, sertanejo universitário, não necessariamente nessa mesma ordem.


Palco de lendas urbanas, a Casa do Rock também tem fama de ser freqüentada por almas penadas. Nos conta a história que havia uma dama de vermelho na pista desta famosa casa noturna que chamou a atenção de um rapaz da região. Papo vai, papo vem, os dois ficaram e o carinha, gentilmente, ofereceu carona à dama que aceitou. Fim da história: o cara a deixou na porta do cemitério e nunca mais foi vista. Mas, para a surpresa do homem, no outro dia ele encontrou o túmulo da dama que ele havia ficado na noite anterior e ele ficou louco blá blá blá.



Toda vez que eu entro na Casa do Rock me vem sempre a mesma sensação de ter sido abduzida por uma nave espacial dos anos 90. Deu para sentir o clima do lugar?



Alguém pode estar se perguntando como um lugar desses pode ter sobrevivido com sucesso há quase três décadas? Minha teoria se baseia em dois pilares: primeiro porque mulher não paga para entrar, e, segundo, porque a Casa do Rock é a única casa noturna que eu conheço que, religiosamente, fecha suas portas durante TO-DA a quaresma, logo, recebe a benção divina.


O fato é que eu curto muito a Casa do Rock, principalmente aos domingos. Sempre me sinto uma diva, já que toda a ugly people da região se reúne por lá. Comparada às outras freqüentadoras assíduas, eu sou um “pitelzinho”.


Pode parecer meio escroto, mas prefiro ser a diva entre as feias do que a feia entra a divas.


Toda mulher da região sabe que ir na Casa do Rock significa assédio na certa. E, sem hipocrisia, isso é bom para levantar a moral. O problema é que o local não é lá muito bem freqüentado, logo, o cara que vai te assediar não é nenhum Brad Pitt charmosão, e, sempre há a possibilidade de tu encontrares o dito cujo dirigindo um ônibus ou fazendo um muro numa construção no dia seguinte.


Aqui fica a dica: quando um cara falar que tu és gostosa na Casa do Rock, nem perde tempo virando para trás. Continue andando e imagine que um moreno, alto, bonito e sensual te chamou de gostosa. Acredite, é melhor assim.


Pois é né? Sou uma freqüentadora ingrata. Eu falo mal mas estou aqui, morrendo de saudades, rezando para essa quaresma chegar ao fim para poder bater ponto na Casa do Rock novamente aos domingos.


Mas é sempre assim: chega Natal, aniversário, bodas de prata, fim do mundo, mas não chega a Páscoa para eu poder me divertir. Porra, coelhinho! Vai-te embora!


A gente sabe que não é bonita quando...


Eu sei que não sou uma mulher linda, maravilhosa. Mas, também, sei que não sou um brucutu que cospe fogo. Tenho plena consciência que sou do tipo: comível se estiver bem arrumadinha.

A vantagem de não ser linda, é saber que a beleza não é eterna. Logo, não vou sofrer quando a minha for embora, já que só se perde aquilo que se possui, hohohoho.

Mas tem horas na vida que tu és obrigada a dizer: “Porra, valeu hein! Bem desnecessário esse comentário”.

Ontem, foi um dia desses. Aliás, nunca antes na história das baladas ganhei tantos foras em pouquíssimo tempo. Eu sei. Eu pedi. Fui pro Bali Hai (uma casa norturna da região que é reduto de “patzis” e “pleibas”), vestida igual a uma mendiga. Estava em cacos, com o meu pé todo detonado da noite anterior, tinha acabado de menstruar, me recuperado de uma crise alérgica e feito uma aula de Jiu Jitsu que cansou até a alma.

Fui para a balada de havaiana (é uma heresia local uma mulher não usar salto), vestidinho de algodão que comprei no balaio por R$ 19,90, sem brinco, sem anel, sem nada, muito menos strass (sim, na minha cidade é luxo usar strass na praia, aff).

Um look, absolutamente inaceitável numa cidade que te julga como tu és pelo que tu vestes.

Mas, apesar de tudo, eu queria dançar. Precisava ouvir música eletrônica com fumacinha e luz colorida. Isso faz bem para a minha alma, além, é claro, da companhia ser ótima:

O Dudu que aproveitou para fazer passinhos de dança inspirado no Karatê e rebolou até o chão no funk (vergonha alheia mode on). E a @milora_, que estava com formiga na bunda e dança muito, mas muito mesmo, e até acompanhou o Dudu nos passinhos a la Karatê Kid, hihi.

Estava tudo ótimo, até eu encontrar o @jeff_ONVIBE que decidiu ficar a noite inteira atirando pedra na minha cruz.

Primeiro, ele desistiu da nossa carona em cima da hora. Até aí tudo bem.

Quando encontro ele no Bali Hai, abro esse meu bocão:

Eu: - E aí Jeff? Desprezou nossa carona, hein?
Jeff: - Claro né. Olha com quem eu peguei carona... (e me aponta pra um monte de menininhamagrinhabonitinha).

Boooooohhhhh.... O cara desprezou minha carona porque arranjou condução com mulheres bem mais bonitas que eu! Me chamou de FEIA por tabela. Bafão.

Abstraí, fingi demência e continuei a curtir a balada, até que o reencontrei.

Eu: - Porra Jeff, me chamasse de feia seu grosso! (e expliquei pra ele o que aconteceu)
Jeff: - Não foi isso que eu quis dizer, eu até já disse que tu eras gostosa no twitter...
Eu: - Não importa se tu disseste que era linda umas cem vezes, se me chamou de feia apenas em uma ocasião... já é o suficiente!
Jeff
: - Mas eu não disse que tu era feia, eu apontei pras meninas porque elas são novinhas...
Eu: - Então tu estavas me chamando de velha? Boooooooohhhhhhhh
Jeff: - mimimi mimimi mimimi

Passou mais um tempinho, o assunto mudou e tal e eu declarei que estava com desejo de comer feijão.

Na hora veio o coro clássico do povo: Tu estais grávida?

Eu: - Não, acabei de menstruar.

E, nesse momento, o Jeff fala para o Dudu: - Claro que a Pri não está grávida, porque precisa de (e fez um sinal com a mão indicando “sexo”).

Eu parei, olhei pro Jeff e perguntei: - Tu estais me chamando de encalhada?

Jeff: - mimimi mimimi mimimi
Olha minha gente, não é todo dia que sou chamada de feia, velha e encalhada em menos de três horas.

Estou começando a desconfiar que não sou um mulherão... no máximo, uma mulher grande com meus 1.71m. PORRA HUMANINDADE! Aff.

Depois disso tudo, só restou ao Jeff tentar me bajular para compensar:

Sim Jeff, eu te perdôo, mas me reservo no direito de jogar essa história na tua cara até o fim dos meus dias. Amém.

É duro ser mulher moderna



O perfil da mulher feminista está mudando. O "feminismo clássico" nasceu com o advento da pílula anticoncepcional na década de setenta do século passado.

Nos conta a história tradicional que quando a mulher conseguiu retardar a maternidade, acabou por adquirir certa liberdade na sua vida e começou a querer a "progredir" profissionalmente e sexualmente tanto quanto os homens.

Mas nem sempre as mulheres foram consideradas seres inferiores aos homens. No Egito Antigo, por exemplo, a mulher não precisava casar virgem, podia viver sob União Estável e se divorciar a qualquer momento sem denegrir a sua imagem, estudava (se rica obviamente) e, podia até mesmo comandar o país.

Na verdade, esse papel de mulher inferiorizada teve uma grande influência da Igreja Católica (para variar né?) que colocou Maria, mãe de Jesus, como principal símbolo feminino em que todas as mulheres deveriam se espelhar.

Dizia-se que a mulher é o centro do lar, a peça mais importante porque à ela, assim como foi feito com Maria, era outorgada um tarefa divina: de educar os filhos de seus maridos. A mulher virtuosa era melhor mãe. Assim, se aprendia como cuidar de uma casa, dos filhos e do marido.

A mulher não precisava aprender a ler, a entender de política, muito menos ter profissão. A sua tarefa já era determinada pelo seu nascimento, Deus queria assim. A política? O futuro da Nação? Isso é coisa dos homens e do Clero.

É baseado nisso que se discute tanto o papel de Maria Madalena na vida de Jesus, assunto que virou temas de célebres livros e documentários. Afinal, qual o interesse da Igreja Católica, ao compilar os livros bíblicos, em mostrar uma mulher que, se realmente era a esposa de Jesus, tinha uma posição igualitária entre os escolhidos para propagar a palavra de Deus?

A mulher ficava dentro de casa, no famoso papel de Rainha do Lar. Até onde me lembro, aqui no mundo ocidental, a mulher não entrou no mercado de trabalho porque desejava uma profissão e seguir uma carreira. É que, com a Revolução Industrial, os campos começaram a se esvaziar e inchar as cidades formando grandes cinturões de pobreza. Logo, as mulheres foram lançadas ao trabalho porque se viam obrigadas a ajudar no sustento da casa para não morrer de fome.

Aliás, não foram só as mulheres, mas seus filhos também. Era uma parte da população explorada, que laborava em condições insalubres e tinha péssimos salários.

Bom, foi a partir daí que se começou a luta pelos direitos trabalhistas, pelo direito de voto, pela equiparação social, pelo direito à mesma educação e saúde que os homens.

Bons anos mais tarde, surgiram mulheres intelectuais, as feministas estereotipadas: aquela solteirona, com jeito de machorra que dizia que não precisavam de homens para nada, propagando a auto-suficiência feminina. Foram ridicularizadas, e são até hoje, mas não há como negar que tiveram a grande função de mostrar ao mundo contemporâneo ocidental que a mulher possui tanta inteligência quanto os homens, e o homens, sem contra-argumento, se satisfaziam em chamá-las, simplesmente, de mal comidas.

Hoje são poucas as mulheres que se aventuram em dizer que não precisam de homem algum para se sentirem realizadas, com exceção das lésbicas obviamente. Na minha opinião, uma mulher que diz que não quer encontrar um homem legal para se relacionar porque é auto-suficiente e não é homossexual, incorre praticamente no mesmo erro daquele homem que diz que mulher só serve para o sexo. E até arrisco dizer que hoje esse tipo de pensamento é muito comum.


Porém, atualmente, está se formando uma nova geração de feminista. É aquele tipo de mulher que quer casar e cuidar da casa; ter filhos e educá-los; ter marido e tratá-los como bebês exatamente como a mãe dela fazia; ter profissão e ser bem sucedida; cuidar do corpo, do cabelo, da unha, da pele, da aura, da alma; ter um amante para provar que gosta de sexo; ter sempre aquelas amigas para fazer o happy hour nas sextas à tardezinha; quer viajar pelo mundo; pular de pára-quedas; fazer seu próprio mapa astrológico e, finalmente, assobiar e chupar cana... tudo isso ao mesmo tempo é claro!!




E, em contra-partida, tem um homem que trabalha de segunda a sexta, das 8:00 da manhã ás 17:00 horas da tarde, que chega em casa todas às noites e reclama da porcaria da janta que ainda não está pronta, das pestes dos filhos que ainda não foram dormir que ficam querendo a atenção dele enquanto vê o Jornal Nacional. E, ainda, não acredita como foi casar com uma mulher tão incompetente.

Os finais de semana? Claro que sábado é o dia dos amigos, da sinuca e da cerveja (e de outras mulheres???) e domingo é o dia do homem ir para a cozinha: o famoso churrasco (pelo menos aqui no Sul do país). Mas a mulher descansa no domingo? Claro que não! Quem vai fazer a maionese, a farofa, a sobremesa, pôr a mesa, lavar a louça e varrer a cozinha? (Homens, isso foi uma comparação hiperbólica tá?)

Não é à toa que existem milhares de "psico-alguma coisa" com consultórios lotados de mulheres frustradas e não entendem o porquê.

Será que essas "neofeministas" se acham Deus??? Há mulheres que precisam de pelo menos mais umas cinco vidas extra para poderem realizar tudo que tentam ao mesmo tempo numa mesma vida. Aí não conseguem e se sentem fracassadas. E pior, acaba sempre pondo a culpa TODA no homem que não lhe dá atenção, que não as entendem. Eles têm culpa?? Em parte sim, porque vêem as suas mulheres não darem "conta do recado" e ficam na sua posição mui cômoda.

Porém, nesse caso, acho que a maior culpa é delas mesmas que se permitiram chegar a tal situação e que tiveram a audácia de se sentirem como a mulher-maravilha salvando o mundo de todos os perigos.

Na minha modesta opinião, acho que o maior avanço do feminismo foi o direito de escolha.
Se a mulher quer casar e ter filhos e cuidar da casa e do marido... se ela se sente feliz assim... que assim seja!

Se a mulher quer ter uma carreira profissional bem sucedida e não quer ter filhos... que seja....
Se a mulher quer trabalhar, casar e ter filhos, mas não quer cozinhar.... e quer que o marido, pelo menos, escolha a cueca e a meia que irá usar durante o dia.... que seja...

Hoje, podemos escolher como queremos ser. Só não vale escolher ser tudo.

É bem verdade que pagamos certo preço pelas nossas escolhas, mas é bem melhor do que pagar o preço por aquilo que, simplesmente, nos é imposto.

O que falta em certas mulheres é um pouco de humildade e de auto conhecimento para saber o que realmente querem e conseguem fazer da sua vida...

Não acham ou é eu que estou ficando maluca?? "

Todo mundo merece ser um pouco emo


Houve uma época em que me achava uma rocha inabalável. Aparecia um problema e eu enfrentava de peito aberto. Alguém me magoava e eu, simplesmente, ignorava.

Mas todos têm um limite, e eu conheci o meu há um tempo atrás.

Não dá para ser a Mulher Maravilha eternamente. Isso me custou boa parte da minha saúde física e mental, e, até hoje, tomo uma “carrada” de remédios que até separei numa maletinha: antidepressivo, ansiolítico, hormônio para a tireóide, hormônio para o ovário, remédio para o colesterol, pressão alta, anemia, e, claro, meu maior vício: relaxante muscular com velho barreiro, ops digo, um delicioso copo d’água.

Mas eu juro, que no fundo, eu sou uma pessoa normal!

Brincadeiras à parte, teve um momento na minha vida em que pensei que eu tinha que me dar o direito de sofrer. Parece estranho, mas eu não me permitia sucumbir, chorar, implorar por um colo amigo nas horas de desgraça... Sempre estava de pé, como uma muralha, uma fortaleza inabalável, autossuficiente.

Hoje, eu choro. Permito-me dizer a uma pessoa que estou chateada com ela, e, por incrível que pareça, isso me faz bem, mesmo que essa pessoa não dê a mínima importância para os meus sentimentos.

Faz-me bem porque não faço pela pessoa, eu faço por mim. Meu coração é muito precioso pra guardar uma mágoa sufocante, e, quando eu verbalizo esse sentimento me sinto aliviada.

Descobri que é preciso de muita coragem para demonstrar o que se sente e que, cada lágrima que derramo, no fim das contas, me deixa mais forte.

Nunca pensei que demonstrar minhas fragilidades, me expor a pessoas que sei que não merecem, me deixaria, no fundo, bem mais forte, bem mais humana.


Vai ter um gosto ruim assim lá na ...


Transcrevo uma conversa minha e da @deiseduarte:

Eu – Nossa, mas o fulano é gato, né?

Deise – Pois é, guria, o cara é muito lindo.

Eu – Não consegui ver um defeitinho nele, como é que pode?

Deise – Então amiga, chega junto!

Eu – Ah não, ele não faz meu tipo, ele é muito bonito.

Sim, vocês podem me chicotear agora. Eu tenho gosto podre para homem. Onde já se viu não se sentir atraída por um homem só porque ele é bonito? Desde quando beleza é defeito?

Jesus, me chicoteia porque mereço!




Quando eu tinha 13 anos, vi, pela primeira vez na TV um cara que me chamou a atenção: Fox Mulder do Arquivo X. Sim, o ator é lindo, mas eu era apaixonada pelo personagem: estranho, visionário, solteirão e que acreditava em ET. Desde então, o nível só piorou.


Espero que isso tenha solução, ou não.

Último Poema



Ai que saudades de escrever uma poesia
Livre das métricas, das rimas, das metodologias
Apenas puro sentimento expresso em palavras
Recurso do qual há anos não utilizava


Essa ausência literária não foi por falta de inspiração
Nem por falta de paciência, indignação ou indecência
É que para mim, enquanto poeta, poesia é algo inútil
Melhor demonstrar meus sentimentos por atos
Do que por uma escrita da mais absoluta excelência

Nessa ausência literária, vivi intensamente cada sentimento
Esgotei até a última gota do seu sabor doce ou amargo
E não sobrou mais nada, nem para contar de forma poética
Meus encontros e desencontros pela vida marcados

Ai que saudades de escrever uma poesia
Mas de amor não se escreve, se ama
Mas de dor não se escreve, se sente
Mas de saudades não se escreve, se mata
Mas da morte não se escreve, se constata
Mas de amizade não se escreve, se vive
Mas de política não se escreve, se faz
Mas de sexo não se escreve, se desfruta

Desculpe, ó grande poeta, minha rebeldia
Mas não há palavras que possam expressar os sentimentos, tu o sabes
Ninguém nunca conseguiu, nem nós, pobres e nobres poetas conseguimos.
Quem, com séculos de poesia, definiu, definitivamente, o que é amar?
Quem, com a mais bela escrita, conseguiu, definitivamente, descrever como é sentir uma dor?
Quem, por mais famoso que seja, pôde matar a saudade apenas escrevendo?
Quem, com lucidez solar, nos mostrou o que realmente é a morte?
Quem fez amigo com palavras? Do que adianta a política sem atos? Sexo sem ato?

Todo poeta é um frustrado
Passa a vida inteira procurando a palavra perfeita
Que defina o que ele sente
Alguns podem até chegar perto,
mas o verdadeiro poeta sempre exige a perfeição.

Liberto-me, agora, da procura da perfeição
Meu sentimento é apenas para ser sentido
E é por isso que esta é a minha última poesia
Com a alegria de saber que mais do que escrever, EU VIVO!

Ai que saudades de escrever uma poesia
Esse vício que há muito me consome
E nada há mais frustrante que escrever de forma poética
A inutilidade prática de um poema para um poeta.

Amizades e amizades...



Estou aprendendo a viver. Você também. Todos nós estamos, não é mesmo?

O homem não é uma ilha para viver isolado. Parece uma frase clichê, mas é a mais pura verdade.

Todo mundo tem que ter amigos. E, creio que, de uma forma ou de outra, todos têm pelo menos um.

O difícil é aprender que há amigos e há amigos. E, olha, demorou para eu aprender que há vários níveis de amizades e que todos os níveis são proveitosos quando a gente sabe lidar com eles.

Nem todo mundo serve para ser aquele seu amigo do peito sabe? Aquele que te ajuda nas horas em que você mais precisa de um ombro amigo, desabafar, chorar e reclamar que a sua vida é uma merda, simplesmente, porque o Universo não vai com a sua cara. Desencane, todo mundo tem um dia emo.

Eu sei. Você já viveu um pouco nessa vida e eu também. Sabemos que não é com qualquer pessoa que a gente pode se abrir. Todo mundo já se ferrou um dia por causa disso.

Contudo, isso não é motivo para a gente não fazer novas amizades. Seria muito confortável continuar sempre com as mesmas velhas e seguras amizades. Sim, seria. Mas perderíamos ótimas oportunidades de conhecer coisas novas e até, quem sabe, pessoas legais.

Só porque uma pessoa não serve para ser seu amigo do lado esquerdo do peito, não significa que essa pessoa não presta. Ela pode ser ótima para te acompanhar nas baladas, tomar umas cervas. Quem sabe ela não pode ser aquela parceira profissional que você estava procurando?

Acredite, eu demorei a aprender isso. Sei que parece bobo, mas toda pessoa tem algo novo e bom para nos oferecer. Se esse algo bom é uma companhia para sair, A-PRO-VEI-TE!

Tem pessoas que não curtem baladas, mas são extremamente maduras para se ter papos cabeça como filosofia, política, filmes, novela (sim, novela também é assunto, ué). A-PRO-VEI-TE e cresça intelectualmente!

Como diria um amigo meu, deixe-se estar. Mas aprenda a se preservar tirando de cada um o que há de bom!

O difícil é saber até que ponto a gente pode ser amiga de uma pessoa, qual o nível de profundidade dessa relação para que a amizade permaneça saudável.

Mas isso não significa que não valha a pena tentar. Como eu disse no início, estou aprendendo a viver. Você também. Todos nós estamos, não é mesmo?

Sinceridade, porra!

Toda vez que perguntamos à alguém ou somos perguntados sobre como seria o homem ou mulher ideal, uma das qualidades que sempre são citadas é a sinceridade.


Babaquice. Poucas pessoas no mundo toleram a sinceridade, ou sabem lida com ela, quanto mais se ela advier da pessoa que amamos.


Ás vezes, mentimos para não machucar e outras vezes somos sinceros para ofender. Ambas hipóteses são catastróficas.


Ao mentir para não machucar, pode-se se ter a ilusão de estarmos protegendo a pessoa amada. Doce e curta ilusão. Mais cedo ou mais tarde, a verdade sempre vem.


E quando chega, a "proteção" que a mentira proporcionava acaba deixando a pessoa sem defesa e o chão se abre parecendo que o mundo vai desabar... Nessa hora, desculpas pouco ajudam.


Mas têm certas pessoas (e de vez em quando eu me incluo entre elas) que se dizem "sinceras" e utilizam dessa sinceridade para magoar os outros.


Há coisas ruins que certamente devem ser ditas, mas há maneiras e maneiras de dizê-las.


Há certas coisas que, se ditas, machucam, mas isso não é desculpa para não tentar machucar o outro o mínimo possível.


O bom mesmo é o meio termo que, como tudo que é ideal nessa vida, é difícil de encontrar. Infelizmente, a gente só aprende certas coisas errando mesmo.


Machucar as outras pessoas é inevitável uma vez ou outra. Não sei o que é pior: machucar tentando proteger ou machucar abusando da minha sinceridade.


Não sei se é porque sou libriana, mas cada vez acho que o equilíbrio é a palavra-chave da sabedoria.


Afinal, como dizem por aí, a diferença entre o remédio e o veneno está na dose. Mas não vou mentir, acho difícil encontrar aquele "meio-termo aristotélico". Vivendo e aprendendo.


Pelo menos é isso que tenho buscado: equilíbrio em tudo, com exceção de comida, bebida e sexo obviamente!

Aikidô: seu eu faço, qualquer um pode fazer Parte - I



Faz tempo que eu queria fazer um post sobre Aikidô. Sabe quando a gente conhece algo que muda a tua vida? Pois é.


Para quem não sabe, o Aikidô, bem resumidamente e de forma bem leiga, é uma arte marcial que nasceu no Japão no século passado, por Morihei Ueshiba, inspirado nas artes marciais praticadas pelos samurais lá no tempo do guaraná com rolha.

Para maiores informações sobre a história do Aikidô: aqui

Conheci o Aikidô por indicação de uma amiga minha, a @anareczek, que me disse que estava “aprendendo uma lutinha que aprendia a cair”.


Achei super interessante essa história de aprender a cair, pois, para quem ainda não sabe, quando eu era criança sofri maus tratos de uma babá. Uma das formas de tortura por ela utilizada era ameaçar me jogar pela janela. Pronto. Aí nasceu um trauma que até hoje luto para superar, já que morro de medo de cair, dar cambalhotas, pular, etc.

Nessa época, tinha acabado de descobrir que sofria de hipotireoidismo, e que, precisaria fazer alguma atividade física pro resto da minha vida. Como eu não tenho paciência para freqüentar academia com musculação e ginástica (porque sempre tem gente metida e as aulas são muito repetitivas), achei que praticar um esporte seria uma boa saída.

Na verdade, estava até orgulhosa de mim mesma por ter tomado essa atitude. Nunca pratiquei nenhum esporte, estava bem acima do meu peso, tinha começado um tratamento para minha doença, e ainda resolvi praticar algo que tinha medo de fazer desde criança. Eu já tinha noção que seria um desastre total.


Assim, com Aikidô eu praticaria uma atividade física e superaria um trauma que já estava mais do que na hora de ir embora da minha mente.

E, no dia 27/04/09, lá fui eu para o meu primeiro treino de Aikidô. Como eu era novata, o sensei fez uma demonstração com seus alunos mais graduados. O sensei ia aplicando os golpes e os seus alunos iam “caindo voando” para tudo quanto é lado.


Nessa hora eu pensei: “É. Fudeu. Onde eu estava com a cabeça? Eu vou me quebrar toda!”
Nem preciso dizer que na hora das quedas eu era um desastre apocalíptico.



O tal do mai ukemi mesmo, só fui tentar fazer lá pela quarta aula. Sente o drama:





Você acha que eu estou exagerando? Cheguei a desmaiar e ter crise de choro no meio dos treinos por não conseguir enfrentar o medo de cair.


Isso sem contar que a gente tem que ouvir um monte de palavras em japonês, e, para mim, qualquer expressão em japonês parece nome de comida. Poxa, Aikidô que dá fome! Fala sério, até hoje, para mim, irimi nage é uma variação de sushi e kotegaeshi me lembra um peixe refogado.


O que mais achei interessante é que NUNCA, alguém lançou sequer um olhar de desprezo ou de ironia pelo fato de eu sempre “fazer vergonheira” na hora das quedas. E NUNCA alguém riu da minha dificuldade (que tenho até hoje) de saber o que é lado direito ou esquerdo.

Todos sempre foram super compreensivos, por mais que eu atrasasse a aula com os meus “pitís”.

No aikidô não tem competição, nem ganhador nem perdedor. Os únicos inimigos que eu tive no tatame eram eu e meu medo. Aos poucos, bem aos poucos, fui me soltando e aprendendo a cair.

Ainda tenho muita dificuldade, tenho mesmo, mas, é muito saboroso olhar para trás e poder dizer EU ME SUPEREI.


Não tenho aptidão natural para o Aikidô. Já vi, várias pessoas caírem na primeira aula bem melhor que eu em seis meses de treino.

Mas o pouco q eu consegui foi na raça mesmo, com muitos roxos pelo corpo. Quando eu tive que aprender as quedas básicas para o exame de faixa amarela, cheguei a contar 17 roxos pelo corpo. Tudo bem que eu sou branquela e qualquer coisa me deixa roxa. Mas 17 roxos? Eu estava parecendo mulher de malandro.


Mas o próprio fundador do Aikidô disse que essa arte marcial pode ser praticado por qualquer pessoa independente de sexo, idade ou porte físico. E, bom, acho que hoje eu sou a prova viva disso.


Se quiser perder um pouco mais do seu tempo, está aqui o vídeo do meu último exame de faixa q aconteceu em dezembro de 2009.


Porque eu odeio o Colégio Marista - Parte I



Venho de uma família pobre, muito pobre, mas não posso dizer que tive uma infância paupérrima. Certamente, minha infância foi simples, mas não passei fome, tive brinquedos, tinha roupas e, acima de tudo, tive uma boa educação.


Falando em educação, quando tinha seis anos de idade, meu pai fez questão de me matricular no Colégio Marista.


Na época, havia três colégios bons e famosos em Criciúma: Michel, Marista e São Bento. Da máxima tríade educacional local, o Marista era, sem dúvida, o mais caro. Então, porque uma menina simples, que vivia numa cohab, iria estudar no colégio mais caro da cidade?


A resposta é simples:


Há muito tempo atrás, minha vó, viúva, era muito pobre e estigmatizada. Na época, ser viúva era um quase pecado aqui na cidade, pois, se não casasse novamente, a mulher nãoi era vista com “bons olhos”. Minha vó se casou duas vezes, e ficou viúva cedo duas vezes. A mentalidade local não podia conceber o fato de que é triste para uma mulher perder dois homens que amou, e que, se recusar a casar novamente, era simplesmente uma reação natural ao medo de mais uma perda que, mais cedo ou mais tarde, iria ocorrer.


Minha vó decidiu não se casar mais. Viúva, pobre, analfabeta e com seis filhos pequenos para criar, ela se virava como podia. Fazia pastel para meu pai vender, lavava roupa pra fora, fazia faxina, etc...


Dentre as roupas que minha vó lavava, estavam as batinas dos padres maristas da cidade de Criciúma. O que ela recebia em troca? Dinheiro? Não. Minha vó lavava as batinas dos padres maristas em troca dos restos de comida deles. Assim, eles separavam uma parte do resto de comida que viraria lavagem alimentaria os animais do sítio que havia na época e davam para minha vó.


Como meu pai vendia os pastéis pela cidade, era ele quem levava as batinas e trazia os restos de comida para a casa. E, acreditem, muitas vezes, esse era o único dia da semana que minha vó podia fornecer aos seus filhos um pouco de carne.


Meu pai, nessa época, jurou para ele mesmo que seus filhos estudariam no Marista. E ele cumpriu sua promessa.

E lá foi eu, com meus seis anos de idade, estudar no famoso Colégio Marista.


Da Cohab em que morava, somente eu estudava em colégio particular, e na minha vizinhança, logo ganhei o apelido de riquinha, já que só riquinho estudava no Marista.


Já no Marista, eu era a pobretona, porque eu era a única que morava numa cohab, não tinha uma caneta de dez cores, uma lancheira e nunca tinha dinheiro para o chocoleite ou doce mumu.


Difícil se esquecer da cara de nojo que as meninas faziam ao ver meu lanche em um saco plástico. Geralmente, levava enroladinho de salsicha, o que era motivo de risos já que a maioria das crianças levava chips, bolachinha recheada ou comprava comida no bar da escola mesmo.


Acreditem, já no primário, no Marista, as crianças se conheciam pelo sobrenome. Meu sobrenome? Pacheco. Não é influente, nem italiano, não tem uma grafia difícil. Logo, as pessoas me chamavam de Priscila mesmo. E, no Marista, ser chamado só pelo nome (sem citar o sobrenome) era um mau sinal.


As coisas funcionavam assim: se uma menina tem tal brinquedo, todas têm que ter, e, se tu não tiver o “dito cujo”, toda a sala te olhava como se você fosse um ET.


Sempre tive brinquedos, não posso reclamar. Mas ficava difícil para minha família bancar todos os brinquedos “essenciais” para uma típica aula marista.


Eu só ganhava brinquedo no meu aniversário, dia das crianças e Natal. Ganhava presentes bons, não nego. Mas para ser um “aluno marista” nunca era o suficiente.


Nunca pude ter o Baby da família dinossauros, a pipoqueira da Eliana, Pogobol, Pepito, casa da Barbie, Ferrari da Barbie, o caralho da Barbie... Nunca me esqueço de um dia em que todas as meninas iriam levar coisas da Barbie para brincar no Colégio. Eu, bem inocente, levei a minha Barbie e como ela não tinha um carro, levei um pé de patins (ué, também, tinha quatro rodas...) para fazer a vez de Ferrari. Bom, no fim das contas, chorei muito porque apelidaram a minha Barbie de carroceira.


Me lembro muito bem que, quando eu estava na terceira série, uma menina me falou: “Ai, Priscila, sou tão feliz! Porque eu posso chegar em casa e brincar com meu lego. Tu não tem lego? Então tu não é feliz?”


Poxa, não tinha lego e queria ser feliz também. Cheguei em casa e atormentei a vida da minha mãe porque queria um Lego. Minha mãe disse que não tinha dinheiro para comprar (coitada). Mas eu não queria nem saber, eu ia ser feliz, nem que para isso eu tivesse que ter um Lego.


Na época, minha mãe ficou super chateada comigo, me chamou de filha ingrata, pois, ela fazia de tudo por mim e eu não reconhecia isso. De fato, minha mãe deixava de comprar coisas para poder bancar a minha educação e os pequenos e esporádicos luxos que podia me fornecer.


Mas, minha mãe, por ter sido sempre pobre e quase analfabeta, não entendia o mundo em que eu vivia. Jamais passou pela cabeça dela que uma menina de oito anos poderia ser discriminada só por não ter um maldito lego.


Após meses de tormento e choros histéricos em casa, no meu aniversário, ganhei o tal lego. Um balde azul. Um dos dias mais felizes da minha vida. Quando fui contar para as meninas que, finalmente, tinha ganhado um Lego, descobri que o tal Lego não era mais o brinquedo do momento. Que a moda agora era ter um diário rosa com cadeado (o que era caro na minha infância). Fazer o que né?

E assim foi a minha infância: discriminada no Colégio Marista por ser pobre, discriminada na Cohab em que morava por estudar em colégio de rico, e, discriminada dentro do meu próprio lar por ser uma filha ingrata e não dar valor ao que meus pais podiam fornecer. Foda.

A morte da Branca de Neve




Blá-blá-blá, o príncipe encantado beijou a Branca de Neve e viveram felizes para sempre.

Branca de Neve ficou estarrecida quando soube da tentativa de homicídio que sofrera por parte de sua madrasta. Só de pensar que tudo aconteceu por causa de sua estonteante beleza lhe causava um aperto no estômago. Até então, nunca se dera conta de que era bela, e, apesar da pouca idade já sofrera severas conseqüências pelo simples fato de ser gostosa e não se dar conta disso.

Mas agora ela sabia que era linda e, a partir daquele momento, jurou a si mesma que ninguém mais iria lhe fazer mal por pura inveja oriunda de qualquer mulherzinha com uma beleza decadente como a da sua madrasta.

Aliás, ex-madrasta, após a tentativa de homicídio o casamento real foi anulado e a, agora ex-madrasta, foi condenada à forca e conseqüente esquartejamento com seus pedaços dados aos porcos.

Com o passar do tempo, Branca de Neve começou a perceber que todos a bajulavam e não era por causa do seu modo doce e sereno de ser, mas sim por causa da sua beleza.

Se, de um lado a sua formosura quase a matara, de outro, ser gostosa lhe trouxera inúmeras vantagens: elogios frenéticos, tinha uma boa relação com o público, todas as roupas lhe caíam bem, era o único orgulho de seu pai duas vezes viúvo.

Isso sem contar que toda essa história de perseguição pela madrasta acabou por render um bom dinheiro para o cofre real por meio do turismo ecológico pelo bosque, pela casa dos sete anões e pela mina em que trabalhavam...

Ainda sobre as repercussões econômicas no Reino, quem não ficaram nada contentes foram os produtores de maçã. Afinal, quem não tinha medo ao pensar na hipótese da bruxa má ter envenenado mais de uma maçã? Quem se arriscaria a comer uma maçã daquelas terras?

Mas Branca de Neve não se preocupava com as finanças do Reino que um dia iria lhe pertencer. Economia é coisa de homem, e o que Branca de Neve queria mesmo era aproveitar a vida e sua beleza agora de forma consciente.

Com todos a bajulando, aproveitar a vida era muito fácil. Passava os dias a cantarolar com os passarinhos e passear pelos jardins... mas nunca no sol do meio dia para evitar as terríveis manchas escuras na sua pele alva.

Logo depois do seu noivado com o seu príncipe encantado, o pai de Branca de Neve veio a falecer. Assim, aproveitaram sua festa de casamento para fazer a coroação. O dia mais feliz da sua vida. Tudo muito lindo, apesar da estranheza de usar os sete anões como pajens.

Branca de Neve agora era rainha. A Rainha e mulher mais bela daquele Reino. Além de beleza, agora tinha poder. Seu marido, a Sua Alteza, o Rei só faltava se jogar aos seus pés. "Sorte dele", ela pensava. Afinal, quantos homens têm o privilégio de serem reis e ter como esposa a mulher mais bela do Reino?

Com o casamento, a Rainha Branca de Neve descobriu as delícias do sexo... Não com o rei obviamente. Seria injustiça uma beleza rara dessas pertencer a um homem só. Digamos, simplesmente, que a freqüência de suas visitas à casa dos sete anões e a de outros jovens mancebos e moçoilas foi aumentando com o passar dos anos.

Mas a Rainha Branca de Neve não sentia culpa pelo fato de trair o Rei. Primeiro, porque o encanto do outrora príncipe já não servia para muita coisa pelo simples fato de nunca mais precisar salvá-la da inveja de alguma bruxa má. Segundo, sexo fazia bem para a sua pele e ser a Rainha mais bela de todos os tempos tinha lá o seu preço.

Um dia, Branca de Neve, em mais um de seus dias de ócio necessário para não cansar muito a sua beleza, resolveu passear pelo seu Castelo. Estava chovendo e não cogitava a hipótese de estragar a sua escova no meio da rua para cantar com uns passarinhos idiotas só para polir a sua imagem de bela e doce perante seus súditos.

Percebeu a presença de um cômodo que jamais vira antes. Tentou abrir com a sua chave mestra, que abria todas as portas de todos os cômodos do castelo do reino, mas não conseguiu.

Ficou mais curiosa ainda. O que tinha naquele quarto que ela não poderia ter acesso? Pensou em perguntar ao Rei, mas duvidou que ele respondesse satisfatoriamente já que, muito provavelmente, fora ele, ou a mando de seu pai, que ordenara construir uma fechadura especial.

Mandou chamar o chaveiro do reino o mais depressa possível. Algum tempo depois apareceu um senhor manco, careca e estrábico com uma maleta de ferro que fazia um batuque ritmado com o andar manqueta do pobre homem.

O chaveiro, ao ouvir a ordem de construir uma chave para abrir a fechadura, disse que só faria se o rei autorizasse. Queria evitar uma possível acusação de traição.

A Rainha Branca de Neve, incrédula, ouviu pacientemente o velho homem e resolveu recompensá-lo à sua moda se ele se arriscasse.

Ela chegou perto do pobre homem, segurou a sua mão e colocou-a por dentro do decote do seu vestido...

Duas horas depois, a Rainha Branca de Neve, de posse da chave para abrir a misteriosa porta, foi para seus aposentos. "Melhor verificar essa história de madrugada", pensou.

Já eram três horas da manhã quando a Rainha Branca de Neve resolveu ir ao quarto misterioso. Nem conseguiu dormir. Como se pode dormir ao ter que abrir mão de sua máscara hidratante verde atuação noturna para rosto? Só essa preocupação e a falta da máscara naquela noite certamente a deixara uns 15 segundos mais envelhecida. "Tenho que recuperar esse tempo depois", pensou se dirigindo ao cômodo.

Logo chegou em frente à porta e a abriu. Estranho, não havia nada demais lá além de poeira e um lençol encobrindo algo retangular fino e comprido.... talvez um quadro.

A Rainha Branca de Neve quase se arrependeu de envelhecer os 15 segundos quando descobriu o móvel e, quando a poeira abaixou, percebeu o que realmente era: um espelho.

Vaidosa, deu-se a rir se encarando no espelho. Virou às costas para ele e disse em voz alta: "Não preciso de mais nenhum espelho estúpido, afinal há alguém nesse reino mais bela que eu?"

E uma luz surgiu, inexplicavelmente, de dentro do espelho e uma voz respondeu: "Não, tu és a mais bela do reino".

A Rainha Branca de Neve virou-se para o espelho e o reconheceu... Era o espelho da sua madrasta!

Logo, a Rainha e o espelho viraram amigos íntimos. Branca de Neve estava cansada de tantas pessoas a bajulando só porque era rainha e bela... E no meio de tantos elogios falsos encontrou um amigo acima de tudo sincero. Sabia que o espelho jamais iria lhe mentir. Lembrara que pelo menos não mentira a sua madrasta...

Durante anos, não se passara um dia sem que a Rainha Branca de Neve fosse ter com o seu espelho mágico. Ele lhe dera conselhos, contara piadas, dera dicas de beleza, ouvia suas angústias, etc e etc.

A única época em que a Rainha Branca de Neve não visitou seu espelho amigo foi durante a sua gravidez. Engordara 27 quilos e só não se encheu de estrias porque utilizou o óleo de amêndoas Paixão por todo o corpo diariamente. Sabia que o espelho jamais mentia e tinha medo de ouvir a verdade: de que não estava tão bela quanto antes...

Não foi fácil esse período. Ver a sua barriga crescendo assustadoramente, pés inchando, enjôos e desejos esquisitos foram quase fatais para a sua beleza. Isso sem contar o parto, sentir sua vagina alargando com dor, muita dor... Dor que se transformou em emoção ao saber que dera à luz a uma menina saudável.

A Rainha Branca de Neve amava sua filha que batizara de Luiza de Sol já que nascera loira e com o aspecto de pele bronzeada do Rei.

Apesar do amor que sentia por Luiza, não se podia dizer que Branca de Neve fosse uma mãe presente. Não estava preparada para cuidar de outra coisa que não fosse a sua beleza. Principalmente após o parto que culminou em uma certa embarangada na rainha.

Embarangada passageira. Dentro de um ano, se não fosse pelo quase imperceptível alargamento dos quadris, ninguém diria que Branca de Neve tivesse um dia estado grávida.

Com sua auto-estima em dia, a Rainha logo foi ao encontro de seu único amigo verdadeiro, o espelho mágico, contar-lhe as novidades e se certificar de que ainda era a mais bela mulher do Reino.

E ainda seria assim por muitos anos, até que em um belo dia, Branca de Neve, como de costume, perguntou ao espelho se ela ainda era a mais bela mulher do Reino, e, o espelho que jamais mentira, respondeu: "Não, há uma mulher ainda mais bela que Vossa Alteza, a menina Luiza de Sol".

Branca de Neve ficou estarrecida. Em um segundo viu toda sua existência se desmoronar...

Saiu correndo para seus aposentos e se olhou num espelho normal. Percebera que, por mais que tivesse cuidados com a sua beleza, já não era mais a mesma moçoila de outrora.

Vira marcas de expressão, quadril um tanto mais largo, dois fios de cabelo branco, os seios um tanto caídos... Continuava bela... mas não o suficiente para ser a mais bela.

Todos os tratamentos retardaram o seu envelhecimento, mas não havia como bloqueá-lo definitivamente. Deu-se conta de todo o sacrifício que fizera durante décadas para nada. Agora, já estava envelhecendo e não tinha mais jeito. Imaginou-se velha, sem fazer nada. Não sabia ler, nem escrever, nem bordar... somente sabia (se é que ainda sabia) fazer tortas de maçã... Passando a sua velhice fazendo tortas de maçã. Não era o que queria para a sua vida...

Conformada por não poder retardar o envelhecimento, pensou que podia, pelo menos, continuar sendo a mais bela do Reino por mais algum tempo.

Mas, para isso, teria que se livrar de Luiza do Sol. Foi nessa hora que Branca de Neve se lembrou de sua madrasta, e naquele momento entendeu o que ela sentira... A frustração de dedicar-se a algo que não pode te acompanhar a vida inteira. Entendeu-a e a perdoou e se sentiu suja por se equiparar àquela mulher a que todos odiavam.

Branca de Neve seria capaz de matar qualquer mulher que tentasse tirar seu título de "a mulher mais bela do reino". Todas, menos sua filha. Nunca fora uma mãe exemplar, mas fora mãe o suficiente para aprender a amar àquela menina.

Sabia que não conseguiria mais suportar aquela situação, e, transtornada, foi até a cozinha do castelo e comeu e bebeu tudo o que lá tinha de bom e gorduroso.

Tinha se esquecido do gosto do frango assado, do presunto, dos doces, do vinho, ...

Com a barriga tão cheia que aparentava explodir a qualquer momento, se dirigiu aos seus aposentos. Tomou um belo banho, perfumou-se, vestiu o seu mais belo vestido, colocou as jóias mais caras, maquilou-se, penteou os cabelos e tomou todo o seu estoque de anti-depressivos e moderadores de apetite.

Até pensou em se enforcar, ou cortar os pulsos... mas não queria danificar seu corpo.

Morreria bela. Era o mínimo que poderia fazer. Iria morrer bela e ser lembrada como a mais bela e alva Rainha dos últimos tempos, e desejou que sua filha conseguisse lidar melhor e mais sabiamente com a beleza do que ela própria. Já um tanto tonta, deitou-se em sua cama, ajeitou o cabelo de forma quase natural no travesseiro.

Virou a cabeça para o lado e se admirou, pela última vez, no enorme espelho que possuía na parede...

A notícia da morte da Rainha Branca de Neve abalou todos os seus súditos. Ninguém conseguia entender como uma mulher tão bela, rainha, esposa de um homem tão apaixonado e mãe de uma princesa tão linda quanto ela própria, poderia ter se matado de forma tão estúpida e irracional...

Ciência X Religião: O extremismo é sempre negativo




O objetivo desse texto não é fazer um tratado nos moldes científicos, citando fontes com autores consagrados para fundamentar o que será escrito, e isso se dá por vários motivos:


- pela falta de pretensão de publicá-lo em fontes oficiais;
- pela mais pura e nobre preguiça de ter que ficar pesquisando cada pensamento que não é exclusivamente meu;
- pela audácia de supor que meu nome é suficientemente renomado para poder “achar alguma coisa” sem citar sua fonte;
- pela humildade de admitir que não possuo o anseio de enfileirar, um dia, os grandes nomes do pensamento pós-contemporâneo.

Na verdade, essas linhas foram escritas para mim mesma, para depositar na eternidade meu pensamento em um dado momento histórico e determinado da minha vida, com a coragem de admitir que tais idéias podem estar completamente equivocadas, e, com esperança de quando eu me der conta disso, tenha coragem serena para admitir publicamente, ou não.

Logo, tais idéias são para ser refletidas e não recomendo seu uso em citações diretas ou indiretas em qualquer trabalho científico. Não que as idéias sejam ruins (ou talvez sejam?), mas porque tal texto carece de metodologia científica e citação de fontes renomadas, afinal, la fuente soy yo (mi español es fueda!).

O homem sempre sentiu a necessidade de crer em algo, sendo esse “crer” uma forma de preencher o vazio que todo e qualquer homem sente. Ele pode crer em deus, em deuses, na religião, no sistema, na energia, na ciência ou até mesmo pode crer que não crê em nada. Mas, de uma forma ou de outra, o homem sempre crê em algo que não compreende por completo, na esperança de que o desconhecido (não importando a sua fonte) possa preencher esse vazio que o homem carrega consigo (ou será que é o vazio que carrega o homem?).

De todas essas fontes que o homem utiliza para preencher esse vazio, duas chamam a atenção: a religião e a ciência.

A religião pode ser considerada a primeira forma que o homem encontrou para preencher seu vazio. Incrivelmente, todas as civilizações (e até mesmo aquelas não tão civilizadas) utilizaram a religião para esse e outros fins. Mesmo considerando as diferentes religiões, não se pode negar o fato que todas elas têm coisas em comum: que há um(uns) deus(ses) que está(ao) acima de nós, a noção de vida após a morte, o ensinamento de um caminho difícil para se chegara um lugar bom/céu/nirvana/acima, e a idéia de um outro lugar ruim/inferno/lugar quente com fogo e enxofre/abaixo.

O mais interessante é que civilizações histórica e cronologicamente sem contato, desenvolveram religiões com as mesmas noções básicas, porém com nomes e formas diferentes. Não poderia responder o porquê disso. Talvez seja porque tenha um fundo de verdade, ou porque seja fruto de uma histeria coletiva e cronologicamente sem fim. O fato é que para mim, essa é uma pergunta sem resposta.

Mas, também, há de se colocar o lado negro da religião, que matou e continua matando milhares de pessoas, sendo utilizado como máscara para se conseguir poder, etc...Isso sem mencionar que a religião nos traz mais dúvidas que certezas.

Por outro lado, tem-se a ciência, a menina dos olhos do homem moderno. A ciência, da forma que a conhecemos hoje, modificou o mundo e a forma de vê-lo. Tudo isso, em pouquíssimo tempo, uns trezentos anos.

Realmente foi um feito extraordinário. De repente, o homem percebeu que pode fazer remédios para doenças que levavam a morte, e, assim as pessoas não morriam mais pelo “desígnio de deus”. Poder explicar e prever desde o movimento de uma simples pedrinha que jogamos ao lago até como funcionam máquinas complexas, é algo que não se pode ignorar.

Talvez, essa tenha sido a primeira vez que o homem obteve respostas concretas sobre certas perguntas em que a única resposta consolável era: porque assim deus quis. E, a partir de então, as coisas não aconteceriam só porque deus queria, pois o homem aprendeu a interferir na vontade de deus e, finalmente, impôs a sua. Eis que o homem descobriu que poderia ser deus.

Agora, ele não era mais uma mera criatura posta na Terra para ser observado lá de cima. Agora, é o homem que observa a Terra e seus processos, aprendendo a manipulá-los. Agora, existe observador e observado.

Talvez, o grande erro da ciência moderna, é admitir, como possibilidade real, a imparcialidade e a neutralidade do observador, com a justificativa de que se o cientista quer descobrir a ‘verdade’, ele deve estar alheio ao objeto observado.

Ocorre que essa divisão é impossível, pois o homem faz e sempre fará parte do objeto observado. Pois cada parte do universo compõe o todo, e, de uma forma ou de outra, separar o observador do observado, é se esquecer que o homem também compõe esse todo, e, esse todo é da forma atual porque o homem dele faz parte; pois se não o fizesse, o todo não seria da forma que é (espero não ter viajado muito na maionese me aprofundado em demasiado).

É exatamente por isso que às vezes ficamos meio perdidos em relação à algumas questões suscitadas pela ciência. Vejamos um exemplo simples: o que é melhor para a saúde – chá ou café?

Há pesquisas científicas que dizem que é o café e há pesquisas, igualmente científicas, que dizem que é o chá. Como pode haver duas pesquisas científicas com resultados conflitantes? Podemos especular duas possibilidades iniciais: a primeira é ver quem está financiando a pesquisa, afinal, qual a possibilidade de uma fábrica de café financiar uma pesquisa que dirá que o café faz mal à saúde? E, me desculpem, mas me recuso a acreditar que um cientista financiado por uma indústria de café, não se sinta obrigado a descobrir somente as vantagens do café, ou seja, de imparcialidade não há nada.

A segunda possibilidade é estudar a vida do cientista, pois as suas experiências pessoais certamente o influenciarão em suas pesquisas. No exemplo dado, não me surpreenderia o fato da pesquisa científica que afirma que o chá é melhor que o café fosse elaborado por cientistas ingleses que bebem chá desde a mamadeira, sendo essa uma tradição de seu país. Ou seja, de neutralidade, nesse caso, não há nada.

Esse é um exemplo bem simples, até porque tal pesquisa afeta muito pouco a nossa vida, pois, não lembro de alguém ter morrido de overdose de chá ou café.

Mas, têm-se casos bem mais complexos que demonstram a impossibilidade de se separar o observador do observado, e as suas conseqüências são inimagináveis.

É o caso da genética. Os cientistas querem compreender o genoma humano, e, dentre seus objetivos, querem evitar que pessoas nasçam com doenças congênitas. Só que se o homem conseguir manipular desse jeito o genoma humano, além de fazer nascer uma criança saudável, também poderá escolher o sexo, a cor dos olhos, do cabelo, da pele.

Tais modificações são cientificamente possíveis, mas se não considerarmos que o homem observador faz parte do objeto observado, em apenas algumas gerações a humanidade será branca, loira e de olho azul ou verde. Por fim, ciência realizará o sonho que Hitler não conseguiu. (Afinal, há diferença entre matar uma pessoa não ariana ou permitir que ela não nasça?)

Outro caso é o da utilização dos recursos naturais.

Inúmeras foram as pesquisas científicas que embasaram a extração dos recursos minerais e hídricos do planeta, sejam elas para potencializar cada vez mais a extração, sejam elas para dar inúmeros outros fins ao recurso extraído. O resultado está se sentindo agora: poluição, aquecimento global, escassez de recursos minerais e hídricos, extinção de várias espécies da fauna e da flora.

O cientista, observador, estudou cientificamente e explorou tais recursos como se ele não fizesse parte do objeto observado, e, conseqüentemente, o observador, hoje, passa fome, está doente, está fazendo guerra e está morrendo.

Mas dessa vez, o homem não pode culpar deus de nada.

Sob esse ponto de vista, muito mais sábia era aquela humanidade que acreditava em fadas e em duendes que viviam na natureza. Uma época, em que o homem era apenas mais uma criatura de deus no meio de outros seres vivos, dos rios, do ar. Uma época em que o homem retirava recursos da natureza apenas para sua subsistência. Uma época em que o homem era parte integrante do planeta. Ninguém comprovou, cientificamente, a existência de fadas e duendes. Porém, ninguém pode negar que a crença da sua existência ajudou a manter o equilíbrio da natureza.

Por fim, não que eu odeie a ciência e ache que ela não sirva para nada. Não que eu seja uma religiosa fanática que acredita num cara lá em cima sentado num trono anotando meus pecados para me cobrar no juízo final. Mas, quem confia cegamente na ciência e faz dela o seu deus ou sua filosofia de vida, comete o mesmo erro daquele mulçumano fanático que, uma dia, pilotou um avião e se jogou contra um prédio em setembro de 2001.

PS: Publiquei esse texto em um blog antigo, então, vou deixar registrado os dois únicos comentários:

Ricardo Chicuta - Espinhosinho o assunto hein?O negócio é o seguinte,sempre achei que esse negócio de crer em algo superior a mim fosse para os fracos.Muito fácil colocar a culpa no Papai Noel.Eu descreio,em tudo e em todos,inclusive em mim mesmo.

Ana Reczek - Eu ja li em algum lugar alguem dizendo que ser ateu nao é uma escolha. Quem escolhe ser ateu é um falso ateu. O verdadeiro é aquele que ja tentou acreditar em varias coisas, mas simplesmente nao consegue. Porque ser ateu é o caminho mais dificil, que menos oferece consolo nas horas duras. Qualquer pessoa que pudesse escolher acreditaria em alguma entidade. É assim que eu me sinto. Acho muito chato nao conseguir acreditar em um poder divino.

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