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A morte me cai bem.


Gostaria de passar minha vida inteira apenas esperando a morte chegar.

Minha vida é uma tela de cinema onde me sento numa poltrona confortável, pego a minha pipoca e assisto os atos da vida como se não fossem minha.

O ontem já passou, o amanhã não me interessa.

Queria dizer que te amo, mas, ao invés de incorporar a “mocinha” do meu próprio filme... resigno-me a ser um figurante sem importância.

Do que me adianta o amor se a morte me cai tão bem? A verdade é que meu coração combina mais com uma coroa de flores do que com um jantar à luz de vela.

Lírios. Muitos lírios no meu velório. Bem coloridos. De tons de cinza basta a vida que já tive.

Amigos. Poucos amigos, porém, leais. Todos sorrindo. As lágrimas em vida já me bastam.

Amigos e lírios. De muito pouco a gente precisa para ter uma morte feliz.

E na minha lápide estaria escrito: “Aqui jaz Priscila Leandro Pacheco: amiga dedicada e inimiga implacável.”

Queria morrer e virar uma lenda, mas tenho consciência que me tornaria apenas uma doce lembrança no coração daqueles poucos, muito poucos, que me amam.

Que lembrem da minha gargalhada solta, das ironias que fazia com a minha própria desgraça. Que lembrem do abraço que dei e das broncas que soltei quando achava que tudo estava errado.

Que lembrem do meu olhar, ele nunca mentiu. Que bebam, de vez em quando, gin com sprite em memória de mim.

Que esqueçam dos meus fracassos, minha inércia e minhas covardias.

Queria morrer e virar uma mártir.

Portanto, amigos, preservem só o que houve de bom em mim. Meus defeitos já não importam mais.

Não, não acordei suicida. É que hoje estou meio gótica. Uma das mil faces de mim mesma.

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