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Quando o amor e a indiferença andam de mãos dadas...

Um dia a gente desiste de procurar a felicidade e decide ser feliz com o que se tem mesmo. Passa a ser mais criterioso a quem entrega um pedaço do seu coração, seja a um amigo ou a um grande amor ou, até mesmo, a um hobby.

Difícil é encontrar um equilíbrio entre ser ingênuo e dar um pedaço do coração a alguém, e ser ranzinza e fechar o coração a qualquer um.

Entregar um pedaço do meu coração a alguém é algo sério, de caráter irrevogável e vitalício. Aos introvertidos travestidos da não-timidez, como eu, entregar um pedacinho desse órgão tão falado não é algo fácil.

Mas, como nada é fácil nessa vida tirana, respiramos fundo e aprendemos a desconstruir tijolo por tijolo que plantamos, ao redor do nosso coração, a cada decepção.

Nem sempre a pessoa que recebe dá valor. É o risco que corre. No pain, no gain baby. E quando isso ocorre me dá uma vontade imensa de odiá-la. Mas, o máximo que consigo é sentir-me possuída por uma raiva momentânea.

Impossível odiar o detentor de um pedaço do coração, por mais que ele faça por merecer.

Só consigo odiar pessoas que não pesam na minha vida, mas que me incomodam com seus atos perante a sociedade e aos meus amigos.

É como se o pedacinho do meu coração agisse como um amuleto repelidor de ódio. Não consigo odiar, querer seu mal... mas, aos que não dão valor a esse “amuleto”, conseguem conquistar minha indiferença.

Agora, entendo que o contrário do amor não é o ódio, e sim, a indiferença. Como não posso pegar o pedaço do meu coração de volta, tomo-me no direito de me tornar indiferente com seu detentor para que eu não me magoe mais. Justo.

Aos que odeio, dou toda minha ira, meus gritos e minhas ironias.

Aos que não merecem meu amor, mas que mesmo assim ainda são amados, tenho pouco a dizer:

Dou o nada, meu silêncio, meu vazio. Ao invés da indiferença, muito queria dar meu beijo, mas não dá.

“Só é seu aquilo que você dá. O beijo que você deu é seu! É seu! É seu beijo.”

Só se dá aquilo que se tem. O coração que eu te dei é meu. Sou eu que sinto ele sangrar toda vez que você não deu valor.

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