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Ah, a licença poética...


Queria ser poeta e viver da poesia

Mastigar suas palavras e sentir seu sabor

Absorver a dor até sublimá-la em letras de um lindo verso

E até desejar um amor malsucedido para ter inspiração na concepção de um soneto.




Queria ser poeta e viver da poesia

E ter desculpa para surtar, pois sou poeta sensível

E ter desculpa para beber, pois sou poeta sensível

E ter desculpa para amar e odiar displicentemente, pois sou poeta sensível




Queria ser poeta e viver de poesia

Sorrir em um velório e chorar em uma festa de aniversário

Gritar em uma aula de meditação

Beber Dry Martini às nove da manhã de uma terça qualquer

Escrever enquanto a cidade dorme e poder usar blusa xadrez com calça listrada

Afinal, ao que vive das palavras possui a nobreza da licença poética para fazer o que quiser




Queria ser poeta e viver de poesia

Mas tenho que pagar meu aluguel.

3 Response to "Ah, a licença poética..."

  1. Anônimo says:

    Adorei!
    Feliz 2011!!!

    Lindo, mas a realidade sempre aparece no final...Mas com diz nossa amiga PQ NAO?

    Beijo no coração!

    PutzCri says:

    Se alguém aqui tivesse um porcento de talento nirvanal... Mas não tem. Tá, mas reescreveria trocando "Beber Dry Martini às nove da manhã" por caipira de Steinhaeger a qualquer hora.

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