Músicas de sacanagem em época de inocência
Todo mundo já foi criança um dia, inclusive eu. Época de inocência, em que não entendemos as piadas de duplo sentido e ficamos “viajando na maionese” na maioria das músicas que são, até hoje, motivo de boas risadas naquela rodinha de violão dos dias atuais.
O povo que nasceu nos anos 80, deve se lembrar que nem sempre se entendia o que determinadas músicas queriam dizer:
Exemplo pessoal:
“Comer tatu é bom, que pena que dá dor nas costas, porque é o bicho é baixinho...” Eu sempre me perguntava quem era o idiota que preferia comer tatu no chão todo torto quando se podia comer, confortavelmente, um tatu em um restaurante.
“Vai ralando na boquinha da garrafa...” Juro que não via maldade nenhuma nessa frase. Achava que era um exercício de contorcionismo para ver quem chegava mais perto da garrafa no chão sem cair!!! E sim, dancei muito isso na minha infância (momento: vergonha alheia de mim mesma!)
Mas, para mim, a banda que eu mais adorei e menos entendi na época de inocência foi o Ultraje a rigor:
Sim! Eu cresci ouvindo Ultraje a Rigor! Na época, eu tinha a tenra idade de 5 anos, e ouvia a fita original da minha irmã mais velha escondida. A galera nostálgica que curte um bom rock dos anos 80 já deve saber o sucesso que o disco “Sexo!” do Ultraje a Rigor fez.
Apesar de ter apenas 5 anos, eu já tinha noção que sexo era algo que um homem e uma mulher faziam para se ter bebês. Apesar de não saber os “detalhes” deste processo reprodutivo, eu já sabia que era algo muito divertido, já que, toda vez que alguém tocava nesse assunto perto de mim, soltava umas boas risadas e me mandavam de volta para o quarto dizendo que não era assunto de criança.
Eu, com 5 anos, já me achava gente e também queria rir, poxa! Quando eu vi a capa da fita da minha irmã escrito “Sexo!”, com a imagem de um casal saindo da maternidade, pensei: “É agora que eu vou me divertir também!”.
E não deu outra: não entendia bulhufas do que os caras cantavam, mas eu ria muito!
A música que eu mais gostava desse disco é “Eu gosto de mulher”. Sempre achei que foi uma homenagem à mulher, apesar de uma boa parte, achar até hoje, a música machista.
Amava a parte que dizia “mulher para presidente!!!”. Hoje, com a Dilma, confesso que amo menos.
Mas a verdade é que eu não conseguia entender boa parte da letra. Então a parte que não entendia, substituía por algo que rimasse só para não deixar de cantar.
A parte “eu tenho amigo homem, eu tenho amigo gay” substituí por “eu tenho amigo pônei, eu tenho amigo rei”. É que com 5 anos de idade não fazia idéia da existência de pessoas que se interessavam pelo mesmo sexo né? E, como na época, não tinha internet para achar a letra das músicas e, mesmo se tivesse, eu não era alfabetizada o suficiente para procurar, acabei substituindo pelos amigos rimáveis que faziam parte do meu mundo imaginário: pôneis e reis.
Mas a gente cresce e descobre as coisas da vida e, no fim, acaba vendo o tal do “duplo sentido” até onde não se tem. E, admito que sinto saudades da época em que comer tatu era algo natural, uma garrafa era uma simples garrafa e tinha orgulho de ter amigos pôneis e reis.
Mas comer tatu é bom xD
Até hoje a gente ainda cai em alguns trocadalhos musicais e afins.
Realmente devo admitir que também no mesmo período eu não levava essas coisas por outros lados, mas era divertido mesmo assim :P