Pensei. Desisti. Pensei novamente. Não consigo chegar à outra conclusão e, admitir, que sou uma mulher carente.
No fundo, todas somos. Por mais que sejamos altivas, com o próprio trabalho, o próprio dinheiro, por mais que sejamos independentes, ainda somos tão mulheres quanto aquelas donzelas românticas que esperam o príncipe encantado para viverem felizes para sempre. Malditos contos de fadas que nos ensinam.
Cresci, não apareceu nenhum príncipe encantado. Decidi me divertir com os sapos mesmo. Mas aquela carência, a falta de alguém que te complete e preencha nosso coraçãozinho ainda persistiu e persiste. Aquele sonho que nasceu na pré-adolescência de um dia ter uma vida simples, porém, confortável com um homem que eu ame e me ame de volta ainda está lá no fundo dos meus desejos inconscientes.
Podem me achar radical demais, mas às vezes me acho meio prostituta. Uma Maria Madalena dos tempos modernos. Não que eu tenha me relacionado com homens por dinheiro ou por poder. Nada disso. Relacionei-me por bem menos: por um pouco de carinho e de atenção. Antes tivesse cobrado em dinheiro.
Mas, hoje, a Maria Madalena moderna não é apedrejada. É desprezada, ignorada e tratada como um pedaço de carne. Logo nós, que não pedimos nada em troca além de momentos em que nos sentimos amadas, mesmo que estejamos cientes que é só para nos levar para a cama.
Cada prostituta leva a pedrada que merece, e, depois de tanta violência velada, resolvi curar a feridas, me cuidar, pensar mais em mim do que no outro.
Eu mesma terei que aprender a acabar com a minha própria carência com a ajuda de Deus e dos amigos. Terei que aprender a dizer não, mesmo que esse não signifique ficar sozinha. Encontrar o prazer de estar comigo mesma é necessário no momento.
Espero não ficar sozinha para sempre, mas espero, ansiosamente, pelo dia em que um Salvador me livre do apedrejamento, me compreenda em seu íntimo e peça para não pecar mais.