Eu e as mulheres de Sheldon
Ao contrário do que muita gente acha, não sou de ler muito e minha família nunca incentivou a leitura.
Não li os clássicos da Marta Rocha ou Monteiro Lobato. Os contos de fada? Só conheci pelos desenhos da Disney.
Para minha família, ler qualquer coisa que não fosse obrigado pela escola era uma distração desnecessária que desviaria a filha com um boletim tão lindo para o mal caminho.
No Colégio onde estudava, a carteirinha da biblioteca dependia da autorização dos pais... algo que nunca tive.
Só aos doze anos tive acesso à biblioteca. Mas alugava os livros escondidos da minha família. Era um mundo maravilhoso a ser descoberto, e, ainda me lembro do primeiro livro que eu li espontaneamente: Um capricho dos deuses – Sidney Sheldon.
Enquanto as outras pessoas alugavam qualquer livro da série Vagalume, lá estava eu... entertida no mundo fantástico de Sidney Sheldon, recheado de traição, sofrimento, sexo e, lógico, amor.
Impossível não se apaixonar e desejar ser uma das mocinhas de Sheldon. Todas mulheres aparentemente normais, mas fortes, destemidas, lindas e sensuais.
A mulher sempre descrita como normal, mas tinha os cabelos bem tratados, o corpo perfeito e uma sensualidade natural, além da inteligência e coragem natas.
Passei minha adolescência inteira pensando que poderia, um dia, ser como essas mulheres.
Cresci, me olho no espelho e vejo que não chego nem perto delas. Nenhuma mulher chega, mas, mesmo assim, ainda fico desapontada ao ver que cresci e me tornei o que tornei: a mediocridade em pessoa.
Não que eu seja a pessoa mais feia, menos sensual, menos inteligente do mundo, porém, com certeza, não chego aos pés de nenhuma das mulheres de Sheldon.
Sinto-me como aquele menino que foi incentivado a brincar de Superman, mas teve que aprender com a frustração de não ter nenhum super poder.
A menina, normalmente, brinca de coisas tangíveis como “casinha”, “mamãe” e “professora”, como se nos preparasse para a vida que teríamos ao crescer. Acredite, eu com 12 anos ainda brincava, mas brincava de ser uma diva digna de Sidney Sheldon e ninguém me avisou que eu não seria uma quando crescesse. Pena.
Também lia Sheldon na adolescência,mais por causa das "cenas" tórridas de sexo.Nunca mais li nada dele,enjoei.