Essa doce resiliência
Um dia, juntei todas as penas que sentia de mim mesma e fiz
belas asas e voei.
Um dia, peguei todas as pedras no meu caminho e construí uma
ponte.
Um dia, guardei todas as lágrimas e coloquei dentro de um
pingente que agora brilha ao Sol.
A verdade é que o tanto faz não me satisfaz.
Quero o todo, mesmo que tenha que me conformar com o nada
quando, no máximo, poderia ter só a metade.
Um dia, deixei de fingir quem eu queria ser para ser eu
mesma e gostei.
Não porque era bela ou deliciada. Mas porque eu era única em
toda minha complexidade resumida em gargalhadas de piadas que somente têm graça
em meu universo particular.
Sou dessas, que faz da tristeza fortaleza e que se diverte
de vez em quando para não sentir a vida pesada.
Todas as minhas cicatrizes, que para seus olhos pode me
tornar deformada; para mim, são lindas e me tornam mais bela ainda, pois,
contam a minha história. Uma história feliz, mesmo que não seja o tal “felizes
para sempre”.
Cair e levantar sempre e, uma vez ou outra, se apoiar
naqueles poucos amigos de verdade. Não que eles sejam muletas. Eles são escadas
para que possamos subir e ver o mar além do muro. Eles são esperança.
Olhei-me no espelho e gostei do que vi. Meus pequenos
refúgios: um livro, um bichano, um amigo e uma xícara de café. Não preciso
muito mais do que isso para me sentir feliz.
Olhei para trás e sorri. Não que meu caminho tenha sido belo
e cheio de flores, mas porque poderia estar louca por passar por tantos
infernos. Mas estou aqui, serenamente me amando, escrevendo essas palavras.
Ah, essa doce resiliência...
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