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O meu querido ódio


O amor me faz viver, sorrir, cantarolar, sentir-me leve, nas nuvens.

Mas jamais desconsiderei o ódio. Enquanto o amor faz-me viver... o ódio faz-me sobreviver.

O ódio me traz a indignação, a força de vontade, a inteligência, a sagacidade.

Nenhum sorriso fez-me sobreviver.... mas já as lágrimas.... ah as lágrimas! Essas sim me fazem forte o suficiente para seguir adiante.

O amor, o carinho, a amizade, o afeto tornam minha vida suportável. Mas o ódio, o sofrimento, o trauma, todos os rasgos que ainda tenho em meu coração... são eles que me deixam viva e pulsando fortemente.

Você pode ver as coisas ruins que acontecem da forma que bem entender. Eu vejo que cada sofrimento que tive, tenho e certamente terei... me tornará mais e mais humana e sábia.

O amor te conforta, mas o sofrimento te ensina. E a primeira coisa que aprendi com o sofrimento é que ele nunca é eterno por mais insuportável que pareça.

Certas pessoas quiseram e ainda querem me levar ao hospício. O problema é que, no momento em que me chamam de louca, minha lucidez vem à tona.

Os meus amigos mais próximos já conheceram meus pensamentos suicidas. Mas foi só um médico dizer-me que a medicina não podia fazer mais nada por mim...que o ódio e a indignação que senti foram tão grandes que me fizeram lutar por cada célula viva do meu corpo. Sobrevivi, como sobrevivi várias vezes.

Minha vida parece um vazo quebrado e colado milhares de vezes. Uns podem achar algo grotesco, porém, considero cada pedacinho de vidro colorido quebrado e colado várias vezes um lindo vitral. A beleza do vitral da minha vida não está na sua deformidade, nem nos buracos que até hoje não consegui achar algo a preencher...

O encanto está justamente na sua história. Não importa quantas vezes a minha vida se quebre em mil pedaços... Sempre estarei lá eu... juntando os caquinhos com lágrimas, com ódio, com indignação.

Uma das pessoas que mais me incentivaram na vida foi meu pai. Não, ele não me apoiou em quase nada em que quis fazer nessa vida. Ele sempre foi o primeiro a dizer que sou desengonçada, desastrada, desorganizada, nada feminina. Se eu pretendo fazer algo, ele é a primeira pessoa a rir da minha cara.

Muitos filhos seriam traumatizados eternamente com um pai desses. Mas eu não. Cada não que ele me diz me faz crescer aquele ódio e indignação e força de vontade que só quem sabe que enfrentará uma guerra conhece.

O “não” do meu pai poderia me levar ao psicólogo, mas eu peguei cada “não” dele para transformar em superação. O “não” dele poderia fazer-me odiá-lo... mas se não fosse por seus “desencentivos”, eu jamais superaria meus limites. Como não amar uma pessoa dessas?

Então, fica um aviso aos meus inimigos que lindamente colhi durante a vida: Não me deseje o inferno, pois só de pirraça vou conquistar um pedaço no céu.

1 Response to "O meu querido ódio"

  1. Tássia Búrigo e Silva says:

    Muuuito bom, Pri. Descobri que tenho a mesma opinião: ao invés de só temer os desamores e desafetos, por que não desafiá-los (nem que seja com indiferença ou coisa que o valha)?
    Adorei esta frase: "O problema é que, no momento em que me chamam de louca, minha lucidez vem à tona".
    Bjão.

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