Seria feminista se...
Sempre me considerei uma mulher machista. Não que eu ache
que a mulher deva ser submissão ao homem ou ser categorizada como inferior.
Mas é que tem coisas no feminismo que me deixam de orelha em
pé. Conseguimos trabalhar, votar e ser ouvidas; mas a louça continua na pia
para ser lavada.
Conquistamos vários direitos e não outorgamos nenhum dos
nossos “típicos” deveres.
Sim, nós estudamos, trabalhamos, fomos ouvidas e
reconhecidas. Mas tudo isso só nos fez ter jornadas triplas de trabalho. Há o
trabalho remunerado, mas ainda tem uma casa para limpar filhos para cuidar e,
salvo raras exceções, um homem que pouco o nada te ajuda.
Se trabalhar, estudar, votar e ter opinião própria não torna
a mulher masculinizada; lavar, passar, trocar de fralda não torna um homem uma
mulherzinha.
Almoço de domingo em família, por exemplo, para mim é um
tormento. Trabalho quanto qualquer homem a semana inteira e chega no domingo,
ainda tem que cozinhar e lavar toda a louça. Enquanto os homens vão pra TV,
beber ou até dormir.
Também, deveria dar um grito e chamar a atenção dos homens
da família, mas as poucas vezes que tentei argumentar, simplesmente, ganho
risadinha e comentários de como sou uma mulher vadia relaxada.
E é nesse ponto que o feminismo que me cansa. E cansa
literalmente, viu?
Chegou a hora de, muito mais que conquistar direitos,
outorgar deveres. Homens gostam de casa limpa e nós também. Homens querem
exercer suas profissões e nós também. Que tal zelarem por TODOS os nossos
interesses JUNTOS em iguais proporções? Nós contribuímos para sustento da casa
e vocês nos ajudam na faxina da semana? Vocês vão jogar futebol na quarta a
noite e cuidam das crianças para nós irmos ao cinema no sábado a tarde?
Quando isso acontecer, o feminismo será, para mim, uma idéia
interessante. Até lá, o homem não pode reclamar de pagar a conta se sou eu que
tenho, além de tudo, lavar, passar, cozinhar e educar as crianças.