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Essa doce resiliência


Um dia, juntei todas as penas que sentia de mim mesma e fiz belas asas e voei.
Um dia, peguei todas as pedras no meu caminho e construí uma ponte.
Um dia, guardei todas as lágrimas e coloquei dentro de um pingente que agora brilha ao Sol.
A verdade é que o tanto faz não me satisfaz.
Quero o todo, mesmo que tenha que me conformar com o nada quando, no máximo, poderia ter só a metade.
Um dia, deixei de fingir quem eu queria ser para ser eu mesma e gostei.
Não porque era bela ou deliciada. Mas porque eu era única em toda minha complexidade resumida em gargalhadas de piadas que somente têm graça em meu universo particular.
Sou dessas, que faz da tristeza fortaleza e que se diverte de vez em quando para não sentir a vida pesada.
Todas as minhas cicatrizes, que para seus olhos pode me tornar deformada; para mim, são lindas e me tornam mais bela ainda, pois, contam a minha história. Uma história feliz, mesmo que não seja o tal “felizes para sempre”.
Cair e levantar sempre e, uma vez ou outra, se apoiar naqueles poucos amigos de verdade. Não que eles sejam muletas. Eles são escadas para que possamos subir e ver o mar além do muro. Eles são esperança.
Olhei-me no espelho e gostei do que vi. Meus pequenos refúgios: um livro, um bichano, um amigo e uma xícara de café. Não preciso muito mais do que isso para me sentir feliz.
Olhei para trás e sorri. Não que meu caminho tenha sido belo e cheio de flores, mas porque poderia estar louca por passar por tantos infernos. Mas estou aqui, serenamente me amando, escrevendo essas palavras.

Ah, essa doce resiliência...

Ah, sobre aquele dia que chorei...


Queria ter gritado, jogado pratos na parede. Queria ter rachado a tua cabeça para tu sentires tudo aquilo que eu sentia.
Mas eu só chorei.
A gente avisa, reavisa e até briga na esperança de que não nos machuquemos mais. Mas, nos machucamos.
Aí chorei mesmo, como uma criança mimada sem o colo da mãe. Chorei a dor do desapego. Mil vezes um amor perdido que uma amizade perdida.
Eu sei que amor não é eterno, mas teimo na ilusão de que amizade é. Naquela máxima: amores vêm e vão, amigos ficam.
Mas, não ficam não.
Se eu odiasse, seria muito mais fácil. Mas, infelizmente, minha única resposta é a indiferença e, ser indiferente dói pra cacete. Porque fingir algo que não se tem é de um trabalho imensurável.
Pode ser que doa uma semana, um mês, um ano, uma vida. Mas vou repetir, diariamente,  no espelho, que sou indiferente a você até se tornar realidade.

Acredite, dói mais em mim do que em você.

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